Río de Janeiro, Brasil, 1934 - Lisboa, Portugal , 2022

Filha de pais espanhóis, Nélida Piñon licenciou-se em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. É membro da Academia Brasileira de Filosofia e da Academia Brasileira de Letras, da qual foi presidente de 1996 a 1997. Foi editora de várias revistas brasileiras e exerceu diversas funções em entidades culturais de sua cidade natal. Sua extensa produção literária, editada em mais de vinte países, foi reconhecida com numerosos prêmios literários entre os quais cabe destacar o Prêmio Juan Rulfo e o Prêmio Príncipe das Astúrias das Letras. Foi investida doutora honoris causa por diferentes universidades; em 2007 foi eleita membro correspondente da Academia Mexicana da Língua, e desde 2012 é Embaixadora Ibero-americana da Cultura.

  • "La magia de Nélida Piñon consiste en unir imaginación y compasión, para dar a sus personajes y sus lectores una piel con la misma temperatura que la de ellos." Carlos Fuentes
  • "La escritora brasileña Nélida Piñon habla y escribe como si la habitase un misterio insondable." Via Política
  • "Una narrativa sensual y envolvente. Una magnífica escritora." Fator Brasil
  • "Tan actual y universal que no tiene nada que envidiar a la obra de autores como John Banville, Philip Roth y Paul Auster." Publishers Weekly

Bibliografia

Dois meses antes de falecer, Nélida Piñon entregou o seu livro de memórias e confissões mais íntimas, no qual também relata episódios e impressões sobre amigos como o colombiano Gabriel García Márquez ou o peruano Mario Vargas Llosa, assim como sobre a estadunidense Susan Sontag e sobre alguns dos escritores mais importantes do Brasil no século XX, como Clarice Lispector e Rubens Fonseca, que também constavam em sua lista de amigos.

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Novela

Grande Prêmio Nacional Pen Clube de Literatura de 2020 (Brasil)

Nélida Piñon não publicava um romance inédito desde o premiado Vozes do deserto, de 2004. Um dia chegarei a Sagres é, portanto, per se, um acontecimento literário. A autora nos oferece um épico poderoso, passado no século XIX, em um Portugal profundo, produto da fé na tradição oral e na cultura da memória.

Nélida move-nos – tendo Mateus, o narrador, como corpo; e Camões, o norte, como alma – pela terra, pelo chão que é também rio, até que a estrada seja o mar. A viagem – o lançar-se – é destino daquele povo.

A represa – um mar inteiro a atravessar – é Vicente. O avô. Aquele que criou Mateus, filho da meretriz e neto de pai desconhecido. Um neto que encarna o campo português. Na trama íntima, plena de pujança, essas relações, em que a secura de gestos e palavras se impõe, Nélida Piñon faz desaguar alguns dos elementos que compõem o imaginário de sua ficção: não apenas a aldeia, mas o universo da aldeia; não apenas os animais, mas a sacralidade dos animais; não apenas Deus, mas a presença de Deus; não apenas o sexo, mas o sexo que rege o instinto indomável. 

Vicente, o cético, morre; é a represa levantada. Mateus vai, um Vasco da Gama inteiro em seus desejos. A aldeia fica. Mateus, desde o alto da colina de São Jorge, uma nesga de Tejo a ver, narra. Narra Amélia, a mulher do Oriente; quem sabe a esperança? Ainda Vicente, memória do passado, o legado do Infante D. Henrique. Sempre sob a fantasia eterna, obsessão de um dia chegar a Sagres.

Narra a história de Portugal – de uma civilização – na saga do indivíduo, um camponês talvez intrépido. Impossível não encontrar no caráter deste fascinante épico de Nélida Piñon – deste livro de século – um novo A república dos sonhos, romance que é marco da literatura em língua portuguesa.

“A cada noite Sherezade envolve o Califa em teia sutil. Apazigua-lhe os nervos, enquanto seus ritmos narrativos expressam a dança dos sentimentos. Suas histórias, semeadas de atitudes heróicas e imprudentes, saciam os ouvidos dos ouvintes famintos, mantendo o interesse do Califa até o amanhecer. Qualquer fracasso significa a pena de morte.”

Esperado romance inédito de Nélida Piñon, Vozes do Deserto faz mais que recriar a história de Scherezade: mostra o papel que uma mulher transgressora pode desempenhar em uma sociedade patriarcal. Através de uma narrativa envolvente e irretocável, Nélida acompanha a história da jovem Scherezede, a jovem mais brilhante da corte, que, para salvar as jovens do reino das garras do poderoso Califa, decide casar-se com ele. Filha do Vizir, que devia servidão ao poderoso monarca, ela não acredita que o poder do Califa possa determinar o fim de sua imaginação. Há tempos todas as donzelas que se casavam com o Califa não viam o amanhecer depois da noite de núpcias — convencido de que não havia no mundo nenhuma mulher fiel, o Califa desposava uma donzela a cada noite e as mandava decapitar na manhã seguinte. Mas a bela Scherezade não temia a morte e estava certa que era a única capaz de interromper essa seqüência de mortes. Decidida, tenta convencer o pai que pode mudar o destino de todas as jovens de Bagdá. Enquanto seu plano funcionar, a cidade dormiria em paz. O Vizir não aceita a decisão da filha e, contrariado, tenta — sem sucesso — acabar com a própria vida, cortando os pulsos. Mas Scherezade está pronta para o heróico sacrifício e indiferente ao sofrimento do pai e aos mais diversos apelos, apronta-se no dia previsto. Deixa a casa sem olhar para trás, arrastando Dinazarda, a irmã — parte de seu projeto de salvação. Está certa que com suas histórias o convívio com o Califa excederia uma noite, estando assim mais algum tempo a salvo do cadafalso especialmente construído para acolher a morte das jovens esposas. Como esperado na noite do casamento o Califa aparece para cobrar o corpo de Scherezade e as núpcias se concretizam. Mas as irmãs estavam prontas para por em prática seu plano: convencer o Califa a ouvir as maravilhosas histórias de Scherezade. Curioso com a ousadia de ambas, ele aceita a proposta naquela noite. Scherezade encanta e envolve o Califa com lendas e contos sobre tempos distantes. A noite avança e injeta no monarca uma paixão que há muito o abandonara. Sem que ele percebesse, a meta da jovem ia sendo alcançada. Depois de tórridas noites de amor, pedia que Scherezade continuasse com as histórias. E assim iam se passando as mil e uma noites. A decisão de Scherezade em opor-se à crueldade do Califa — podendo embarcar numa viagem sem retorno — é uma verdadeira ousadia para a época e antecipa um certo feminismo, onde a mulher está disposta a sacrificar-se em nome das outras. Mas não sem antes tentar vencer um engendrado jogo de sedução e inteligência.

Em Vozes do Deserto, Nélida Piñon consegue renovar seu estilo, prometendo conquistar novos fãs. Um belo romance de uma das mais respeitadas escritoras brasileiras da atualidade.

En la víspera de la final de la Copa del mundo 1970, Caetana, una actriz de circo decadente, regresa a la pequeña ciudad de la Trinidad después de 20 años. A su regreso, encuentra a Polidoro, un agricultor rico que fue su amante y al que abandono sin dar explicación. Para este reencuentro tan esperado, él prepara la misma habitación de hotel donde se veían y, con la participación de las prostitutas del pueblo, sueña con dar un recital de ópera en el teatro local, donde su amada finalmente podrá encontrar la gloria que le fue negada durante muchos años. Con un lenguaje elaborado, Nélida hace un análisis de la situación de Brasil de aquel momento, cuando las personas vibraron con la selección mientras muchos sufrían en las cárceles la dictadura.

Nélida Piñon busca em suas raízes galegas a inspiração para criar uma saga sobre as aventuras dos imigrantes que aportaram no Brasil na virada do século e um legado cultural construído com lágrimas, suor e sonhos. Madruga é o jovem camponês que deixa a Galícia natal para embarcar num navio com destino ao Rio de Janeiro, tendo ao lado o companheiro Venâncio. A partir de um emprego humilde numa pensão da Praça Mauá, a vida de Madruga descreve uma trajetória de êxitos e fracassos que põem à prova seus ideais de liberdade e felicidade. Décadas depois, cabe à neta Breta juntar os fragmentos e reconstituir a história de sua família, que se confunde com a história recente do país.

“A stupendous work, literature of a high order.” Publishers Weekly

“Une véritable symphonie intimiste, en même temps qu’un traité sur les origines. [...] La parole est ici l’âme de l’existence, d’où ces étranges dialogues qui se confondent avec la narration, grâce auxquels chaque geste est décortiqué, avec une minutie obsessionnelle qui confère à l’œuvre une force inédite.” Jacobo Machover, Libération

La ópera de Verdi es el punto de partida para esta novela provocativa. La historia del amor imposible de Álvaro, un caballero sin fortuna, y Leonora, hija de una noble familia, que recibe una revisitación y una tratamiento sofisticado por parte de Nélida Piñon. Las desventuras en el amor de la pareja a manos de Carlos, hermano de la joven, y el final trágico de los personajes, son un pretexto para una obra de arte que se desarrolla y actualiza a través de un lenguaje elaborado y sabroso. Un dinámico y creativo ejercicio literario que mezcla diferentes valores y realidades culturales en la búsqueda de un discurso personal. Esta parodia del famoso melodrama italiano transporta al lector a un nuevo universo ficcional que nos lleva a una reflexión sobre la realidad.

Nélida Piñon entrelaza sueños y realidad. Ambos elementos conviven para contar la historia de los habitantes de Santissimo, una ciudad modesta. En esta población se dan cita una amplia gama de tipos humanos que conforman un conjunto de personajes ricos y convierten esta novela en una fantástica galería. El comportamiento de estos personajes se romperá eventualmente con la lógica de la realidad. La autora realizó siete manuscritos de la obra hasta obtener la versión definitiva. Tebas do meu coração también sirve de excusa para hacer una crítica de la sociedad brasileña mediante el humor.

Lançado em 1972, A casa da paixão, de Nélida Piñon, romance que marcou época pela forma como trata a sexualidade feminina, ganha nova edição com prefácio de Sérgio Abranches e capa e projeto gráfico novos.

“Havia naquela casa uma emoção de sombra”, lê-se a dada altura de A casa da paixão, romance lançado em 1972 e que marcou época pela forma como trata a sexualidade feminina. Marta, a jovem protagonista, integra a formidável galeria de mulheres poderosas que distingue a literatura de Nélida Piñon.

Vivendo entre a latência incestuosa do pai e a submissão quase animalizada de Antônia, sua ama de criação, Marta é afirmativa, destemida e livre das culpas tradicionalmente inculcadas pelo mundo masculino. Seu desejo é solar e, procurando expandir-se, vive em luta surda com o ambiente sufocante da casa paterna. O meio natural é o espaço de libertação de seu prazer. Mas grandes mudanças se anunciam com a chegada de Jerônimo, o pretendente escolhido pelo pai, ameaça de perpetuação do domínio masculino, com inesperado desfecho.

A linguagem do romance é de rara beleza, ao mesmo tempo forte e poética, mas sempre carregada de sensualidade. Como diz o escritor e sociólogo Sérgio Abranches, no prefácio feito especialmente para esta nova edição: “Nélida Piñon é como uma abelha literária, mel e ferrão;tece seu texto com fineza e muitas transgressões.”

“Homem que for herdeiro do meu corpo eu acusarei em via pública, eu o derreterei com meu suor, eu o acusarei de assassino, inocência também enxergarei em sua carne, uma inocência perigosa conhecendo o perigo, chamas sou, chamas, mas ele veio porque o pai trouxe, o pai sabia, breve eu perco a filha, a filha se fez para salvar o universo, e não alterar seus eixos. E trouxe o homem, um garanhão de prata, moreno escuro, gigante de caverna, crocodilo da minha carne, serpente do meu ventre, e eu o odeio, o pai pensou, a filha não se decidindo eu decido por ela.”

“Que força de raiz em A casa da paixão, que esplendor de vida impetuosa e gritando por todas as palavras!” Carlos Drummond de Andrade

Por esta novela obtuvo Nélida Piñon el primero de una larga serie de premios literarios y significó su consagración como una de las más grandes escritoras brasileñas. Llena de elementos fantásticos, en Fundador se reinterpreta la conquista de América por parte de los exploradores europeos, un punto de vista inusual: explicando los proyectos de futuro que tenía la saga de los colonizadores.

Esta obra desarrolla la concepción cristiana de la culpa, vista desde la perspectiva del mal. Serpenteando por el laberinto de la introspección, emblema de la marca de Nélida Piñon, la novela hace un bosquejo de personajes con fuertes matices psicológicos que no se agotan, sino que incitan al lector a realizar una continua revisión de sus valores narrativos y morales. Madeira feita cruz es un texto con un tema cristiano: el sentimiento de culpa. El libro coloca bajo el mismo telón de fondo fenómenos tan dispares como el pecado, el sufrimiento y la muerte. La moraleja es, sin lugar a dudas, que el pecado transforma la acción humana en objeto de imputación, de acusación y reproche. Así considerada, la moraleja interfiere directamente en el sufrimiento, en el modo en que el castigo es infligido.

En su primera novela, Nélida Piñon examina los temas que son consistentes a lo largo del resto de su obra. En un diálogo extenso entre la protagonista femenina, Mariella, y el arcángel Gabriel, debaten sobre su deseo de vivir fuera del dogma cristiano y sobre la relación del hombre con Dios, por medio del pecado y el perdón. Un buen ejemplo de un estilo en el que la autora siempre busca la renovación formal de la lengua.

Relatos

Os nove contos de A camisa do marido apresentam Nélida Piñon no auge de seu domínio da forma narrativa e da escrita elegante e alusiva. Nélida descreve de maneira fascinante as sombras e os meandros de relações familiares, enfrentamentos brutais, secretos ou abertos que espreitam em cada lar. O rapaz atraído pela nova mulher do pai, o filho desprezado, o velho poeta desiludido e a jovem simples que nada entende do cavaleiro delirante nos assaltam e seduzem. A camisa do marido é uma pequena pérola de uma de nossas mais brilhantes escritoras.

La problemática que aqueja al individuo en cuanto a la trayectoria particular de sus intereses afectivos y su subsiguiente determinación de relaciones sociales, ha sido el eje temático de la narrativa de Nélida Piñon. Los protagonistas de estos relatos son seres básicamente atribulados por su propia conciencia, y, en ocasiones, la  reflexión detenida constituye una parte crucial de la razón cuentística. Trece historias cortas en las que es fácil ver una misma preocupación de la autora: la importancia de la palabra y la manipulación política del lenguaje. Esta vez, sin embargo, hay una gran carga de humor y de fina ironía para desentrañar los rincones más recónditos del alma de sus personajes. Nélida usa delicadas y bellas imágenes para tratar de las pasiones humanas, alterna poesía y crítica, la racionalidad y erotismo provocativo y entrega al lector páginas de lectura que sólo pueden ser devoradas vorazmente.

Grotescas y refinadas, simples y comunesn, barrocas y extravagantes. Así se adjetivan las dieciséis historias cortas escritas por Nélida Piñon en Sala de Armas, obra en la que la autora mantiene su inquebrantable fe en el ilimitado poder de la palabra y, con ello, hace que el lector recorra diversos aspectos de la vida humana, con visita obligada al realismo mágico. Una narrativa donde estos dos elementos, el onírico y el real, se entrelazan con precisión y ritmo.

Trece historias cortas, en las que es fácil de ver la eterna preocupación de la autora: la importancia de la palabra y la manipulación política del lenguaje. En los cuentos alterna la poesía y la crítica, la racionalidad y el erotismo, en páginas de lectura voraz y provocadoras. Sus historias, muy bien trabajadas, explotan sentimientos profundos de personajes atrapados por el caos social de la civilización.

Não ficção

O testamento literário de uma das mais premiadas autoras da língua portuguesa.

Poucos entre nós, brasileiros, dominam a arte do discurso –o prazer da conversagao– como Nélida Piñon, algo que a escritora faz vicejar em tudo quanto lhe seja terreno de expressao. Sua extensa obra ficcional, diga-se, tem a voz ensaística entre os elementos que melhor lhe definem o caráter multigenero: o gosto natural para o diálogo, para o experimento, para a reflexao, para a exposigao, exercício de leveza por meio do qual, articulando-o a refinada capacidade de construir personagens, a autora investiga a identidade das gentes e evoca o espirito das épocas- pensó em A república dos sonhos, romance épico, já clássico, tanto quanto nos contos candentes de A camisa do marido, seu livro mais recente. 

Falo aqui de vocagao. Nélida Piñon é ensaísta o tempo todo. E isso –essa qualidade– diz muito sobre o alcance deste volume. Título que nao esconde a curiosidade e o conhecimento da escritora sobre a tradigao ibero-americana,

Filhos da América abraga –diría mesmo contém– um continente. De assuntos. De ideias. De riscos. De afetos. De apostas. De saudades. De paixoes. De –por que nao?– obsessóes. Machado de Assis, por exemplo, tao presente nestas páginas, é a brasilidade reforgada em Nélida, projegao generosa sobre a humanidade almejada, uma possibilidade de definigao amorosa para o que seja patria –para o que seja responsabilidade individual. É assim, sempre por meio da literatura, que a escritora enfrenta a frouxidao moral dos dias correntes, colocando o dever da escrita de pé, de prontidao, cabega erguida, defendendo o lugar fundamental das "culturas que a modernidade asfixiou" e lhes celebrando a resistencia: "Sao elas que me levam a perambular pelo mundo tendo verbo e imaginagao como atributo." Há muita coragem e perigo nos ensaios reunidos neste livro, nos quais a autora desafía nao apenas a própria memória, mas o conceito do que seja tal mistério. Há uma inquietude aqui. Ela cultiva, sempre, aquilo que nos aproxima, que nos enreda, que nos simplifica –e o faz com juventude, com encantamento, com espanto ante o fenómeno sempre renovado do idioma. Porque é a língua –naquilo que encarna dos séculas– o agente que humaniza. Nélida Piñon nao somente ere nisso -ela trabalha, milita para isso, escreve para isso, daí por que esta também seja uma obra de devogao, de fé. Carlos Andreazza, Editor


Texto complementario a La región más transparente, de Carlos Fuentes. En él, Nélida Piñon relata cómo conoció a Fuentes, la amistad personal que con el tiempo les ha llegado a unir y el impacto que tuvo su literatura en los autores lationamericanos y en ella misma.

En Aprendiz de Homero, Nélida Piñon reúne 24 ensayos que versan sobre sus influencias literarias, temas y personajes por los que siempre ha mostrado cariño: don Quijote y España, Capitu y Río de Janeiro y, obviamente, Ulises y su épica odisea. La mirada de la autora se desenfoca intencionadamente al desmenuzar el trabajo de los grandes escritores, de los personajes inolvidables, obteniendo de sus enseñanzas un puente para el memorialismo lírico. Nélida Piñon ofrece una clase de literatura en Aprendiz de Homero, brindando a los lectores una pasión y una devoción por la escritura capaz de traspasar las páginas del libro.

En esta colección de ensayos Nélida Piñon nos invita a realizar una visita guiada al mundo siempre renovado de la creación literaria. Recorremos los innumerables aposentos de esa maravillosa morada, y al doblar una esquina nos encontramos con personajes tan familiares como Cervantes.

Biografía / Memorias

Dois meses antes de falecer, Nélida Piñon entregou o seu livro de memórias e confissões mais íntimas, no qual também relata episódios e impressões sobre amigos como o colombiano Gabriel García Márquez ou o peruano Mario Vargas Llosa, assim como sobre a estadunidense Susan Sontag e sobre alguns dos escritores mais importantes do Brasil no século XX, como Clarice Lispector e Rubens Fonseca, que também constavam em sua lista de amigos.

“Ao longo de 147 capítulos curtos, com a alta carga emocional e a amplitude reflexiva que a consciência da morte iminente lhe conferia, ela nos fala de sua família galega, de como foi ser uma brasileira filha de imigrantes, do Brasil...”, explicou o editor da Record, Rodrigo Lacerda. Outros temas abordados pela escritora em sua obra póstuma são “a equivalência entre o erudito e o popular em sua formação, o amor, a saudade, a admiração pela música e sua vocação para ser dona do seu próprio destino”.

“Sorrindo, e mantendo entre mãos um livro que segurava ao peito, a escritora brasileira oferecia ao público português a imagem da sua pessoa inteira e estava grata. Nélida sabia aceitar os sinais de gratidão porque ela sempre foi, para além de uma talentosa escritora, uma figura dada ao reconhecimento dos outros. […]

Diria, pois, que este livro não careceria de qualquer apresentação, ele próprio se vai apresentando por si mesmo, à medida que os fragmentos numerados se sucedem, desde o primeiro com o título de A eternidade em que a autora, transformando essas duas páginas numa espécie de longo incipit, anuncia de imediato ao que vem, até à crónica número 74, intitulada O mutismo de Deus, na qual explica em síntese a génese da sua atividade como criadora, e o sentido da sua vida como pessoa da arte e da cultura em face do mundo e da humanidade. Raramente uma artista consegue ser tão explícita sobre a forma como se engendra na profundidade do ser a origem das suas multiplicidades.” Do Prefácio de Lídia Jorge

Em Uma furtiva lágrima, Nélida Piñon vale-se mais uma vez de sua fina capacidade de costurar reminiscências. Sua família de imigrantes possibilitou a vivência simultânea do imaginário galego espanhol e do brasileiro, habilitando a autora a frequentar o cânone e as grandes civilizações de duas culturas muito ricas desde o começo da vida.

Desde sempre escrevendo sem pausa, Nélida nunca se habituou ao “terro baldio da literatura da vida”. Diante de um diagnóstico pessimista e acima de tudo cruel e ameaçador, conquanto equivocado, viu-se planejando os próximos passos como quem delineia o esqueleto de um livro. De início, os planos eram um diário para anotar essa nova fase, mas as lembranças a levaram a essas reflexões poéticas da realidade, entremeadas ao rico repertório de referências da autora e dotadas de domínio pleno da linguagem e uma costura de camadas de leituras possíveis, em uma aliança entre o texto e o leitor.

Se a certeza da morte iminente leva a uma grande metamorfose, talvez a maior pela qual uma pessoa pode passar, o veredicto levou Nélida Piñon a compreender sua própria trajetória, a condição de escritora, a relação com a finitude, a condição de um epílogo da vida.

Com extraordinário talento para narrar suas experiências e rara habilidade para sublinhar os sabores dos detalhes, Nélida Piñon é escritora para quem a morte, domada, é personagem; para quem o veredito da morte, projetado, é diagnóstico para resistir e superar. Uma obra de autoficção e memórias, Uma furtiva lágrima valoriza e redimensiona os limites formais da literatura.

«[…] Literatura pura, auténtica, íntegra, hecha a partir del amor a la palabra, a la vocación, al arte, a la belleza y a la creación.» Mario Vargas Llosa

«Con la fuerza de su imaginación, tiene la capacidad de expresar literalmente los sueños de todo Brasil o incluso de toda la gran familia latinoamericana.» New York Times Book Review

«Nélida escribe con libertad y vigor, dando forma a breves testimonios en los que exalta la existencia física y las experiencias subjetivas, en un enfrentamiento continuo con la finitud. […] Una dicción íntima, narrada con elegancia y delicadeza, aunque sus frases transmiten potencia y magnetismo. Sérgio Tavares. O Glovo

«La autora construye una obra porosa, entrelazando varios géneros textuales: la autobiografía, el ensayo, la prosa de ficción y la poesía. De ello resulta un texto ligero pero consistente.» Folha de São Paulo

Una furtiva lágrima provoca el deseo, como quería Borges, de pergeñar su reseña solo con citas del texto.” Nadal Suau, El Cultural

“No soy fuerte ni poderosa. Tampoco estoy en la flor de los veinte años”. Con estas rotundas palabras da comienzo el particular Livro das horas de la escritora brasileña. Con un estilo poético y embellecido, Piñón plasma en el libro algunas de sus más preciadas memorias. Los dilemas, preocupaciones y anhelos de la autora se dan cita en la obra en forma de desordenadas reflexiones sobre la vida, los afectos, el paso del tiempo o los viajes. Símiles y metáforas se convierten en figuras clave de un lenguaje que inspira quietud, profundidad, transcendencia, desasosiego en ocasiones. La reflexión sobre el mismo lenguaje también está presente: “El diccionario es una cornucopia”, afirma Piñón.

Brasil y España están muy presentes en estas páginas biográficas, emotivas e inspiradas (Ávila, Santiago de Compostela, el Madrid de los Austrias, Camarón, Paco de Lucía...). «Este corazón andariego soy yo; mi vida entre dos culturas – la gallega de mi familia y la brasileña – es mi fundamento. Soy una mujer con un doble imaginario y dos visiones del mundo.»

Narrativa juvenil / infantil

Las alas de la imaginación llevan a lugares fantásticos y a construir lo que parecía imposible. Esta es la esencia de A roda do vento. Es un libro infantil que no parece haber sido escrito por un adulto. Tiene la esencia del alma de los niños, hecha de curiosidad e imaginación. Los personajes principales están descritos al detalle,  pero sin hacerlos pesados para los jóvenes lectores. Los factores espacio y tiempo son tratados de la misma manera: son importantes, pero aparecen envueltos en la sencillez de una travesura infantil, mientras el contenido goza de intensidad y de ligereza formal a la vez.

Antologia / Seleção

Selección preparada por Maria da Glória Bordini. Se han escogido: Fraternidade, Cantata Menino doente, de Tempo das frutasFronteira naturalA Sagrada FamiliaOs misterios de Elêusis O cortejo do divino de Sala de Armas; O jardim das oliveirasI love my husband Finisterre, de O calor das coisas.

Compilación en italiano de diez cuentos sobre la naturaleza del hombre, publicados previamente en otras obras de la autora.

Outros géneros

En este volumen, que es una recopilación de las conferencias dictadas en el marco de la Cátedra Alfonso Reyes del Instituto Tecnológico de Estudios Superiores de Monterrey, la autora revela sus reflexiones en torno al universo de la escritura, la mujer, la memoria y la tradición de la novela. Como señala Adolfo Castañón, "Nélida Piñon ha elegido dar voz a las voces de la mujer y de lo profano femenino a través de una escritura lúcida, es decir, atenta a los movimientos del lenguaje y de la gramática, y abierta a los registros de la historia y de la geografía".

Nélida Piñon es una tejedora de palabras capaz de, entrelazando los hilos, crear un tapiz de fantasías. La imaginación de Nélida la coloca en la categoría de genio, talento que puede ser medido en este impresionante acervo de crónicas en las que se comprueba la maestría de la autora que, valiéndose del espacio de las novelas o de los cuentos, usa la concisión para dialogar con sus lectores  sobre lo cotidiano y sobre lo insólito. En esta obra desgrana los grandes temas de su obra literaria y los acerca con su lenguaje tan particular.

En O pão de cada dia, Nélida Piñón escribe desde y hacia adentro. Viaja por sí misma cruzando las sendas de la memoria y del deseo. Es una obra de madurez que paradójicamente se encarga de avivar todas las llamas, todas las pasiones y todas las nostalgias. En estas líneas se logra una nueva mirada sobre los puntos cardinales que han marcado todas las rutas de la humanidad: el norte religioso, el sur de los espacios, el occidente emisario de azares y el oriente cercano al corazón.

Prémios

  • 2021- Grande Prêmio Nacional Pen Clube de Literatura de 2020 (Brazil) for Um Dia Chegarei a Sagres
  • 2020 - Prêmio Jabuti na categoria de Cronica por Uma furtiva lágrima
  • 2019 - Premio Vergílio Ferreria de la Universidad de Évora
  • Doctor Honoris Causa de la Universidad de Poitiers
  • Doctor Honoris Causa de la Universidad de Rutgers (USA)
  • Doctor Honoris Causa de la Universidad de Florida Atlantic (USA)
  • 2010 - Premio Casa de las Américas por Aprendiz de Homero
  • 2010 - Consejera del Centro de Estudios Brasileños de la Universidad de Salamanca
  • 2010- VI edición Premio Internacional Terenci Moix de Literatura, Cinematografía, y Artes Escénicas, apartado de ficción por su novela Corazón andariego. 
  • 2005 - Príncipe de Asturias de las Letras
  • 2003 - XVII Premio Internacional Menéndez Pelayo
  • 2001 - Premio Iberoamericano de narrativa “Jorge Isaacs”
  • 1998 - Doctor Honoris Causa de la Universidad de Santiago de Compostela (primera mujer en 500 años)
  • 1995 - V Premio Internacional de Literatura Latinoamericana y del Caribe Juan Rulfo por unanimidad y es el único autor de lengua portuguesa distinguido con este galardón
  • 1992 - Medalha Castelao, otorgada por el Parlamento Galego y condecorada por el Presidente Manuel Fraga, en el Palacio de San Caetano, en Santiago de Compostela
  • 1992 - Lazo de Dama de Isabel La Católica, otorgado por S. M. D. Juan Carlos I de España
  • 1991 - Premio Bienal Nestlé, Categoría Novela ( al conjunto de su obra) São Paulo
  • 1990 - Comenda do Cruzeiro do Sul, con el grado de oficial, ofrecido por el Presidente de la República de Brasil, en el Palacio de Itamaraty, Brasilia
  • 1990 - Premio Golfinho de Ouro, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Conselho Estadual de Cultura (al conjunto de su obra).
  • 1987 - Premio José Geraldo Vieira, União Brasileira de Escritores de São Paulo, por A doce cançao de Caetana, como mejor novela.
  • 1985 - Premio Associação de Críticos de Arte de São Paulo (mejor libro de ficción) por A república dos sonhos.
  • 1985 - Premio Pen Club, (mejor libro de ficción de 1985) por A república dos sonhos.
  • 1979 - As Dez Mulheres do ano, Sector Literatura.
  • 1973 - Premio Mario de Andrade, Associaçao de Críticos de Arte de São Paulo (mejor libro de ficción) por A casa de Paixao.
  • 1970 - Premio especial Walmap, Rio de Janeiro, en 1970 por Fundador.