Correio feminino

Correio feminino

Não ficção , 2006

Rocco

Se você trabalha fora, comanda ou dirige equipes, trata de assuntos comerciais com homens, interessa-se por força da profissão, pela cotação do mercado, pela contabilidade mecanizada, enfim, se você é obrigada a deixar de lado as maneiras delicadas e muito femininas, muito cuidado! O grande perigo que a ameaça é a masculinização de seus gestos, de sua palestra, de seus pensamentos". O conselho, quem diria, é de Clarice Lispector, e faz parte do lançamento Correio feminino, uma seleção de textos da escritora publicados em colunas e suplementos femininos da imprensa brasileira durante as décadas de 50 e 60. Lidos hoje, estes textos delineiam o contorno da mulher e da sociedade brasileira nos chamados anos dourados. O livro chega às livrarias a partir do dia 15 de julho, pela Rocco, sob a organização da professora Aparecida Maria Nunes.

Em Correio Feminino, mais do que a escritora consagrada, é a "jornalista feminina" que se apresenta ao leitor. A Clarice Lispector que aceita o convite do cronista Rubem Braga e se aventura na elaboração de páginas dedicadas às mulheres no periódico Comício, criado em 1952, protegida sob o pseudônimo de Tereza Quadros. A Clarice que, no início dos anos 60, dá conselhos de beleza e dicas de como manter uma personalidade cativante para conquistar o bem-amado, dessa vez com o pseudônimo de Helen Palmer, nas páginas do Correio da Manhã. Ou ainda a ghost writer de Ilka Soares na coluna "Só para mulheres", publicada no Diário da Noite. Em todas elas, a escritora vasculha o universo da mulher, em conselhos e reflexões.