Laços de familia

Laços de familia

Relatos , 1960

Rocco

Páginas 144

A Clarice Lispector se aplica, mais do que a nenhum outro escritor brasileiro, aquilo que em si próprio detectava o escritor argentino Julio Cortázar, como um estranhamento, el sentimento de no estar del todo – a sensação de não pertencer, descrita por Clarice: "Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi de pertencer... de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada nem a ninguém... Quem sabe se comecei a escrever tão cedo na vida porque, escrevendo, pelo menos eu pertencia um pouco a mim mesma."

O desajustamento crônico às pessoas, ao círculo social, às correntes literárias, ao casamento, ao próprio amor foi uma constante na vida da menina russa exilada que se transformou numa das maiores expressões da literatura brasileira. Clarice alternava sua produção de romances, crônicas, livros infantis com contos. Nestes se mostrou uma mestra incomparável.